No mês em que se comemora o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres (25 de novembro), as estatísticas comprovam que esse tipo de agressão ainda é muito comum em Luís Eduardo Magalhães. De acordo com dados do Programa Borboleta, ação de apoio às mulheres em situação de violência, desenvolvida pela Secretaria de Segurança, Ordem Pública e Trânsito, de março até o último dia 22 foram registrados 135 casos. O índice demonstra que, apesar do trabalho intenso de prevenção e acompanhamento, falta muito para a redução no número de ocorrências.

“É difícil combater a violência contra as mulheres. Na sociedade machista em que vivemos, muitas vezes os valores são invertidos, o que faz com que a vítima seja responsabilizada pelas agressões que sofre”, explicou a Psicóloga e Coordenadora do Programa Borboleta, Flávia Rizkalla. “Como em boa parte do Brasil, a educação voltada para a autoridade masculina também contribui de forma decisiva para o aumento no número de ocorrências”, comentou o Secretário de Segurança, Ordem Pública e Trânsito, Daniel Álvares. “Sabemos das dificuldades, mas estamos aqui para trabalhar e garantir o suporte necessário a essa parcela da população, que tanto precisa da assistência do poder público municipal”, complementou o prefeito Oziel Oliveira.

A Promotora Stella Athanázio, responsável pelos casos de agressão às mulheres, faz um adendo ao diagnóstico. Segundo ela, historicamente o número de vítimas sempre foi alto. O que ocorre atualmente é maior acesso às informações e o consequente aumento na quantidade de registros oficiais. “Os casos ficavam ocultos entre as famílias, ocultos na dependência financeira, ocultos na vergonha das vítimas em buscar amparo. Diversos fatores de inibição faziam com que as mulheres guardassem para si essa realidade”, elucidou.

Ainda de acordo com a Promotora de Justiça, iniciativas como o Programa Borboleta, têm um papel fundamental na mudança do quadro. O apoio desde o momento da agressão, o acompanhamento psicológico e a ajuda na realização dos trâmites legais dão maior segurança a quem busca a justiça. “É uma grande vitória dos empreendedores, dos realizadores desse Programa. Oito meses é um tempo muito curto para atingir esse brilhantismo. Com o passar do tempo, o Borboleta vai se aprimorar cada vez mais, alcançando abrangência muito maior”, salientou.

O Ministério Público ressalta também que, em Luís Eduardo Magalhães, dois agressores já foram condenados por feminicídio. Consoante Stella Athanázio, o empenho do Programa Borboleta foi fundamental para a rápida inclusão do julgamento na pauta. “Eles cobram da justiça e buscam informações no Ministério Público. Isso ajudou a acelerar o julgamento desses processos”, destacou a Promotora.

E é fácil constatar o sucesso dessa política pública. Uma das mulheres, vítima de violência doméstica, assistida pela equipe, desabafa. “Receber esse tipo de tratamento de uma pessoa que dedicamos uma vida inteira foi uma grande covardia. Foi o fim de uma história da pior maneira possível. Só resisti graças à ajuda do Programa Borboleta que me deu suporte num momento de extrema humilhação. Decidi virar uma linda borboleta e voar. Afinal de contas, há muitos jardins e flores e é esse caminho que quero seguir a partir de agora”.

Para fazer denúncias ou solicitar o auxílio do Programa Borboleta, basta ligar para (77) 98802-3662 ou se dirigir à Secretaria de Segurança, Ordem Pública e Trânsito, na Rua José Cardoso de Lima, Centro.

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