Com uma média mensal de seis mil ligações por dia no país, a expectativa é que o número de atendimentos do Centro de Valorização da Vida (CVV) aumente a partir de agora. Isso porque desde domingo (1º) as ligações vão passar a ser gratuitas pelo número 188 em todo o Brasil.

A porta-voz do CVV na Bahia, Joseana Rocha, explica que a organização funciona há 30 anos em Salvador com atendimento realizado inteiramente por voluntários. “O CVV não substitui o acompanhamento com um profissional de saúde. O que oferecemos é um apoio. Às vezes, a pessoa não tem ninguém para compartilhar o que está vivenciando e liga para o centro”, conta.

Os voluntários passam por cerca de 12 reuniões de treinamento para começar a fazer os atendimentos. Após a capacitação, os novos voluntários acompanham o atendimento dos que já estão na ativa. A ligação para o CVV já é gratuita em 22 estados brasileiros, só restavam Bahia, Pará, Maranhão e Paraná. O serviço realiza atendimento também por chat, e-mail, carta ou pessoalmente.

O suicídio tira a vida de cerca de 11 mil pessoas todos os anos no Brasil. De acordo com o primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio, divulgado em 2017 pelo Ministério da Saúde (MS), entre 2011 e 2016, 62.804 pessoas se mataram no País, 79% delas são homens e 21% são mulheres.

A psiquiatra e coordenadora da campanha de prevenção ao suicídio Setembro Amarelo, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Sandra Peu, considera a iniciativa do centro positiva. “Pessoas com grande sensação de solidão podem encontrar um acolhimento na escuta e ter uma maior reflexão e clareza dos pensamentos depois de uma conversa”, explica ela.

Entre os fatores de risco para o suicídio estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia, isolamento social. Questões psicológicas, como perdas recentes, também podem ser um fator de atenção. Por este motivo, em 2013, a Organização Mundial da Saúde desenvolveu um plano de ações em saúde mental que pretende reduzir em 10% da taxa de suicídio até 2020.

Para a médica, um dos maiores problemas quando se fala de doenças mentais é o preconceito. E salienta que amigos e familiares devem estar atentos. “Pessoas que sempre falam que não aguentam mais e que vão desistir de tudo. Isto pode ser um sinal da necessidade de tratamento”, declarou a psiquiatra.

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