O candidato a presidente da República pelo PSL, deputado federal Jair Bolsonaro (RJ), disse nesta segunda-feira (13) que Walderice Santos da Conceição, assessora lotada no gabinete dele na Câmara, pediu demissão. A assessoria de imprensa da Câmara confirmou a exoneração.

Segundo Bolsonaro, a assessora decidiu se demitir depois de o candidato a presidente pelo PSOL, Guilherme Boulos, ter levantado o assunto no primeiro debate dos presidenciáveis na última quinta-feira (9). Na ocasião, Boulos questionou o rival: “É importante que o Brasil saiba: quem é a Wal, Bolsonaro?”

A pergunta de Boulos se baseou em reportagem de 11 de janeiro do jornal “Folha de S.Paulo”, na qual “Wal” é apontada como “fantasma” – embora funcionária da Câmara, trabalhava como vendedora de açaí em um estabelecimento comercial em Angra dos Reis. Nesta segunda-feira, o jornal voltou ao local e a encontrou vendendo açaí durante o horário de expediente da Câmara. Ela confirmou à reportagem que trabalhava para o gabinete de Bolsonaro.

No debate, Bolsonaro negou que Walderice fosse funcionária-fantasma e respondeu a Boulos que ela sempre prestou serviço na Vila Histórica de Mambucaba, a cerca de 50 km de Angra dos Reis (RJ), onde ele tem casa de veraneio.

“A senhora Wal, senhora Walderice, é uma funcionária minha que mora em Angra dos Reis. Ganha R$ 2 mil por mês. Quando a ‘Folha de S.Paulo’ foi lá e não a achou, botou em manchete no dia seguinte que ela era fantasma. Só que, em boletim administrativo da Câmara dos Deputados de dezembro, ela estava de férias. Do final de dezembro até final de janeiro”, disse no debate.

Pelo site da Câmara, Walderice aparece como secretária parlamentar desde 2003. Na folha de pagamento de julho, a remuneração bruta foi de R$ 1.416, 33. O site também indica que ela recebeu R$ 982,29 a título de “auxílios”, não especificados.

Nesta segunda-feira, o candidato do PSL afirmou que Walderice da Conceição trabalhava para ele recebendo demandas da região de Angra dos Reis (RJ), mas decidiu sair para evitar “desgaste”.

“Por coincidência (…), ela ligou para cá [Câmara] e pediu demissão exatamente por causa do Boulos. E aí ela falou que, tendo em vista esses problemas, para não ajudar a desgastar, ela pediu demissão de manhã”, afirmou Bolsonaro a jornalistas.

A assessoria da Câmara confirmou a demissão, mas não soube informar o horário.

“Já foi [exonerada]. Tanto é que acabou o debate, no primeiro dia de Brasília, ela tinha ligado de manhã. Ela está fora. Uma senhora, deve ter uns 50 anos de idade, pobre e vai procurar emprego. Mais uma desempregada no Brasil. Trabalho humilde”, disse Bolsonaro.

De acordo com o deputado, Walderice trabalhava para ele havia cerca de 12 anos. “Tenho aquela casa há 25 anos mais ou menos e contratei ela deve ter uns 12 anos. Sempre tive gente lá. Como de vez em quando estou lá, muita gente me procura e leva problema da minha região e ela é encarregada de filtrar e passar para mim. Só isso”, afirmou.

O parlamentar disse que, “de vez em quando”, ela também presta serviços particulares a ele. “[A casa] está abandonada há quatro anos e tenho dois cachorros lá e, para não morrer, dá de vez em quando água para o cachorro, só isso. O crime dela foi dar água para os cachorros”, afirmou Bolsonaro.

Pelas regras da Câmara, cada deputado pode contratar, com a verba de gabinete, entre 5 e 25 secretários parlamentares para prestar serviços de secretaria, assistência e assessoramento, em Brasília ou nos estados. A jornada de trabalho deve ser de até 40 horas semanais, cumpridas no local determinado pelo parlamentar.

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