Continua crescendo o número de ocorrências de ferrugem asiática na safra de soja 2018/19 do Brasil. De acordo com a última informação do Consórcio Antiferrugem, são 33 identificações até a presente data, contabilizando lavouras comerciais e plantas de soja voluntária. Quem segue liderando o número de ocorrências ainda é o Paraná, com 22.

A maior das ocorrências que vêm sendo registradas pelo consórcio ainda são em plantas voluntárias, no entanto, especialistas já afirmam que, a presença da doença é algo bastante grave nesta temporada, além de voltarem a chamar a atenção para a antecipação da chegada da ferrugem.

“Já temos, nesse momento, a ocorrência da ferrugem estabelecida no estado do Paraná, não só mais um risco alto de infecção”, diz o coordenador estadual de grãos da Emater/PR, Nelson Harger em entrevista ao Notícias Agrícolas.

Segundo o sistema da instituição, o Alerta Ferrugem, dos 174 coletores instalados, 40 já identificaram a presença dos esporos do fungo causador da doença. E esse, segundo Harger, é um período ‘normal’ de expansão da ferrugem.

Com isso, a orientação do coordenador é de que o produtor intensifique o monitoramento de suas lavouras e defina, com seus profissionais de confiança, as melhores decisões a serem tomadas, principalmente quando se trata das aplicações de fungicida.

E os fungicidas também se mantêm como outra grande preocupação dos especialistas. A ferrugem segue muito resiste aos produtos que já vêm sendo utilizados pelos produtores, principalmente os de sítio específico. No caso dos multissítios, a preocupação é maior com a questão climática.

“Como esse não é um produto que é absorvido e fica na superfície da planta, se a situação for de muitas chuvas, o produto pode ser lavado”, explica a doutora em fitopatologia da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), Solange Bonaldo. “E a maneira como o fungo se comporta e cria resistência é muito rápida”, completa.

Solange afirma ainda que os institutos de pesquisa seguem trabalhando para identificar mais detalhes sobre o fungo causador da ferrugem – o Phakopsora pachyrhizi – para uma melhor identificação do gene e de suas mutações, para que o controle da doença não fique, assim, ainda mais difícil.

Para a fitopatologista, a maior preocupação em torno deste número de 33 ocorrências de ferrugem nesse momento é a confirmação da antecipação da presença da doença. Como explica Solange, as lavouras mais tardias deverão ser a que mais sofrerão com a ferrugem a partir do momento em que ela chegue. O tempo de exposição à ferrugem será maior e elas receberão maior número de esporos.

“A maior dificuldade agora é a divergência de homogeneidade da cultura, e acredito que, além de Mato Grosso, haja mais regiões do Brasil também sofrendo com isso, com lavouras em diferentes estágios”, diz Solange. “E as perdas por ferrugem nessas condições, portanto, é maior”.

Complementando o cenário preocupante, há ainda condições climáticas que favorecem a proliferação da ferrugem. Em Mato Grosso, por exemplo, há temperaturas variando entre 22 e 28 graus, e ainda mais amenas durante a noite. Além disso, há ainda bastante nebulosidade.

As cidades onde a ferrugem foi identificada são, de acordo com o Consórcio Antiferrugem:

Bahia

Ferrugem em soja voluntária: Luís Eduardo Magalhães e São Desidério, ambas com ferrugem em soja voluntária.

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