A Corregedoria da Polícia Civil está investigando se a delegada e outros funcionários que trabalhavam na delegacia de Abadiânia em 2016 deixaram de investigar denúncias contra o médium João de Deus. Segundo o Ministério Público, havia na cidade uma rede de proteção para favorece-lo. Preso há mais de um mês e réu por crimes sexuais, ele sempre negou as acusações.

O Ministério Público apresentou na quinta-feira (24) duas novas denúncias contra João de Deus por estupro de vulnerável e posse de arma de fogo e coação e corrupção de testemunhas. A esposa do médium, Ana Keyla Teixeira, também foi denunciada pelo crime relacionado aos armamentos. Já o filho, Sandro Teixeira de Oliveira, responde pela intimidação de testemunhas.

Segundo o Ministério Público, em 2016, uma mulher foi à delegacia da cidade junto com uma testemunha para registrar que tinha sido abusada pelo médium. O promotor Augusto César Souza disse que, no dia seguinte, João de Deus já sabia da denúncia e foi junto com o filho, que estava armado, até a cidade em que a testemunha morava, no norte do estado.

“Eles ofereceram pedras preciosas que valiam R$ 15 mil para que fosse retirado o registro. Ela não aceitou, mas também elas nunca mais procuraram a polícia para saber como estava o andamento das investigações”, contou o promotor.

O inquérito sobre a denúncia também não foi devidamente investigada de acordo com o MP. Para o promotor, isso reforça o fato de que existia uma rede de proteção ao médium para não houvesse apurações sobre suas condutas.

“Havia também, de alguma maneira, uma forma de obstruir essas investigações, o que se revelou de maneira concreta nesse caso, tanto que esse caso não foi efetivamente apurado”, disse Souza.

Em nota, a Polícia Civil informou que já há uma investigação preliminar “a fim de apurar eventuais irregularidades atribuíveis a servidores desta instituição no caso citado pelo Ministério Público”. Porém, não divulgou o nome da delegada titular na época e nem há quanto tempo já há essa apuração.

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