A Bahia se reúne num estúdio de música. Lá, repassa letra e melodia, acerta os últimos detalhes, e embarca numa homenagem à mulher que transformava a vida de seus filhos mais pobres. Num sinal de agradecimento, os artistas chegam para cantar a ela, Irmã Dulce, futura Santa Dulce dos Pobres. Com música reverenciam a mulher que, com seu acordeão, arrecadava dinheiro para ajudar os mais necessitados. No fim da segunda semana de gravações, 50 artistas, entre eles ídolos da música baiana, já passaram por ali. A Bahia começa a cantar a sua santa.

As portas se abrem e revelam artistas como Saulo, Luiz Caldas, Margareth Menezes, Durval Lelys e Lazzo – Ivete já confirmou sua participação esta semana. Outras memórias vivas da música baiana, como Marcionílio Prado e Tonho Matéria também aparecem. A música é apenas uma, gravada em diferentes versões: a Bahia canta a sua santa.

“É mais que uma música, é a Bahia devolvendo tudo que ela fez por nós. Do início ao fim, é uma emoção que vai crescendo”, define Durval Lelys, que cedeu o estúdio para as gravações acontecerem.

Do estúdio adentro, cada artista imprime, com sua voz e sentimento, uma interpretação. A emoção aflora para falar da santa, de quem muitos foram próximos. De Margareth, por exemplo, ouvimos a força de uma voz que parece querer fazer jus à força de Irmã Dulce. De Lazzo, algo quase ancestral no tom grave pode relembrar quão ligadas estão as histórias da religiosa e da Bahia.

É uma música que nasce religiosa, mas baiana por excelência. Uma espécie de canção sacro-nagô, como define o arranjador Flávio Morgade, com piano, atabaques e agogôs, órgãos, sinos e coros, para a baiana que acolheu todos os ritmos. “A letra foi me levando por esse caminho. ‘Tocam sinos e atabaques de um povo que viu seus milagres’, diz a música”, comenta.

Comentário desabilitado.