O Esporte Clube Bahia está conseguindo, pela primeira vez – sou torcedor sazonal – despertar minha atenção para o que o time faz dentro do campo, fora e para sua torcida (que junto com a do Flamengo considero as mais icônicas do país), graças às suas excelentes jogadas de marketing institucional, que procuram abrir as mentes e atingir o coração dos machistas, dos preconceituosos e dos ignaros. Várias ações merecem aplauso do torcedor, aquele realmente civilizado. E o clube vem de agora a apoiar a criação de um modelo de camisa que no futebol mundial é um divisor de águas. Foi lançada, através das redes sociais, um padrão, misturando suas cores originais com as do arco-íris, que vem a simbolizar a diversidade sexual. Foi uma criação da Torcida LGBTricolor.

O que os torcedores de hoje que reagem contra as ações sociais, de empoderamento, de afirmação das minorias e de cunho civilizatório ou institucional não sabem é que o Bahia tem este DNA em sua concepção. Sua criação foi uma reação, protesto e posicionamento contra os clubes sociais da Bahia, a exemplo do Bahiano de Tênis e da Associação Atlética da Bahia que rechaçavam pretos e pobres. Foram os sócios progressistas e humanistas dos dois círculos que levaram à sua fundação em 1931.

Ultimamente o Bahia vem surpreendendo, a exemplo da emocionante campanha via filme na TV, que levou pais arredios a fazer o reconhecimento dos seus filhos.
O Bahia já tomou iniciativas contra o despejo de petróleo que vem prejudicando flora e fauna e trazendo prejuízos sociais e econômicos em áreas da região do Nordeste. Já criou uma bela comoção ao defender a demarcação de terras indígenas. O combate ao racismo – que vem trazendo preocupações em estádios de toodo o mundo e notadamente nos campos do Sul e Sudeste do Brasil – está em sua pauta principal, e seu técnico Roger Machado acaba de receber da Câmara dos Vereadores a Medalha Zumbi dos Palmares em reconhecimento ao seu posicionamento de enfrentamento ao racismo.

O combate à homofobia e ao machismo tem rendido boa imagem para o clube que foi assunto de uma reportagem especial do “The Guardian”, jornal inglês e dos mais importantes do mundo, em que aborda ações realizadas pelo clube baiano voltadas para questões sociais. A matéria chama a atenção para a redução dos preços dos ingressos, as questões políticas e a “dedicação, carinho, integração e amor'”, o time dando voz para os torcedores.

O clube vem angariando simpatias por sua visão democrática até mesmo de quem não gosta de futebol e até dos adversários. Vem atraindo novos torcedores, pessoas conscientes. Pois nesse país – em que quase todos estão entrando com os birros das chuteiras direto na canela do vizinho, amigo, colega, compadre e antagonistas – o Bahia, defendendo os direitos humanos, está batendo um bolão. Fazendo mais história, driblando e indo para cima como só o Esquadrão de Aço sabe fazer. “Somos da turma tricolor (…) Somos do povo o clamor”, cravou o educador, poeta e jornalista Adroaldo Ribeiro Costa, que escreveu um hino, digamos, ufanista e iluminista.

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