Calendário do futebol brasileiro pode sofrer alterações por causa do Flamengo


O início da temporada é marcado pela falta de acordo entre Flamengo e Globo para a venda dos direitos de transmissão do Carioca. O motivo para o impasse é o abismo financeiro entre as propostas dos dois lados, a emissora oferecendo cota de R$ 18 milhões e o time rubro-negro pedindo dezenas de milhões de reais a mais.

Para além dessa diferença, o imbróglio ameaça ter um efeito colateral: colocar em questionamento a própria existência dos Estaduais nos moldes atuais dentro do calendário.

Por que? Ora, o argumento do Flamengo para pedir um aumento no pagamento pelo Estadual é de que quer ganhar proporcionalmente o valor que arrecada pela venda do Brasileiro, considerando que um ocupa o dobro do período na temporada. Dirigentes rubro-negros alegam, por exemplo, que a Globo paga oito meses de Pay-per-view para os clubes referentes aos meses da Série A, e não o faz nos quatro meses do Carioca porque inclui os direitos do ppv em sua cota fixa. Isso ocorre em todos os Estados.

Há uma defesa da Globo de que a arrecadação do ppv cai durante os Estaduais. Mas a real é que esta ganha dos assinantes do pacote durante as competições. A questão é: os regionais valem como o Brasileiro? Se não valem igual, valem quanto? Pelo menos por enquanto, a Globo está dizendo ao mercado que não paga mais de R$ 18 milhões no Rio.

Bom, se o principal player diz que não paga mais pelo Carioca e mantiver essa posição, o Flamengo e os outros clubes em geral chegarão à conclusão óbvia de que precisarão reduzir essa competição e aumentar o Brasileiro se quiserem incrementar receitas de televisão. E isso provavelmente vai se estender a outros mercados. Ressalte-se que essa não é a posição atual do clube que defende a validade do Carioca.

Mais do que isso, sem o time campeão na principal tela, o Carioca perde bastante em divulgação e se torna uma competição até meio clandestina. Fluminense, Vasco e Botafogo, por maior tradição e grandeza que tenham, não possuem times atrativos para o público fora de suas torcidas pelas crises financeiras que atravessam. Se confirmar seu favoritismo no campeonato, com o impasse com a Globo mantido, o Flamengo jogará finais e jogos decisivos em inéditos apagões de televisão.

É claro que isso afeta a competição. Basta ver o início deprimente do torneio, cheios de reservas nos times e baixíssimo nível técnico – os times foram obrigados a botar suplentes pelo início muito cedo da competição. A longo prazo, o efeito será tornar mais irrelevante o Carioca, por mais que o Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco queiram promove-lo. E, se o Carioca perde a força, e o Paranaense também, daqui a pouco só restará o Paulista com algum interesse do público.

Neste cenário, será decisiva a renovação do contrato do Paulista após 2021 e a postura da Globo. Se a emissora for austera e não fizer loucura na proposta, e se não houver concorrência forte, será mais uma competição desvalorizada. Mas, se diversos veículos entrarem na concorrência e o valor subir, aí o Estadual se solidifica.

Certo é que o impasse entre Flamengo e Globo é a ponta de um iceberg prestes a bater no calendário do futebol brasileiro. Pode ser que o navio desvie na última hora e a CBF consiga manter o status quo do inchado calendário nacional. Mas, se o navio bater, as consequências do que vêm por aí em termos de alterações no país são imprevisíveis.

Fonte//Uol

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