O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) negou nesta segunda-feira (20), em depoimento ao procurador da República Eduardo Benones, ter tomado conhecimento prévio da deflagração em 2018 da Operação Furna da Onça, pela Polícia Federal.

Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, prestou o depoimento a Benones como testemunha, no próprio gabinete no Senado, acompanhado da advogada Luciana Pires.

Um procedimento de investigação criminal apura denúncia de vazamento da operação. A denúncia foi feita pelo empresário Paulo Marinho, ex-aliado do senador.

“Não teve vazamento. O senador nunca tee a informação de vazamento da Furna da Onça”, disse a advogada.

O procurador Eduardo Benones afirmou que as principais testemunhas do caso foram ouvidas e que a próxima etapa da investigação será ouvir policiais federais, agentes e delegados que participaram da operação e tiveram acessos aos documentos da ação.

A Operação Furna da Onça investigou um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O vazamento da operação teria sido feito por um delegado, segundo o empresário Paulo Marinho, suplente de Flávio Bolsonaro no Senado. Segundo Marinho, o encontro com o delegado teria ocorrido na porta da Superintendência da PF, na Praça Mauá, no Rio de Janeiro.

Flávio Bolsonaro disse que Marinho inventou “mentiras” sobre a operação.

“Eu não falei mais com ele [Paulo Marinho]. Ele está no projeto dele. Ele está mais interessado na minha vaga do Senado do que tomar conta da própria vida. Ele é pré-candidato a prefeito do Rio pelo PSDB. As pessoas têm que entender que na vida política tem que ser pelo próprio mérito, não querendo tacar pedra nos outros. Eu vou continuar trabalhando muito pelo Rio. Isso é página virada. Espero que o Ministério Público do Rio e a Polícia Federal tomem providências depois com relação a essas mentiras que ele inventou”, afirmou o senador ao deixar o Senado, após o depoimento.

De acordo com o relato de Marinho, o delegado teria adiantado que a operação atingiria pessoas do gabinete de Flávio Bolsonaro, ex-deputado estadual no Rio, entre as quais o então assessor Fabrício Queiroz, preso no mês passado sob suspeita de articular um esquema de “rachadinha” na Assembleia do Rio — pelo qual funcionários do gabinete devolviam parte dos salários para Queiroz. Durante as investigações da Furna da Onça surgiu o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou uma movimentação considerada atípica de R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz.

A TV Globo apurou que Ministério Público Federal cogita promover uma acareação entre Flávio Bolsonaro e Paulo Marinho.

O relatório do Coaf também citou como incompatíveis as movimentações financeiras do advogado Victor Granado Alves. Entre os negócios suspeitos pelos quais o advogado é investigado, há duas lojas de chocolate que pertencem à mesma franquia do senador. Alves trabalhou em 2017 como assessor de Flávio Bolsonaro que, à época, era deputado estadual.

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