Após desconfianças da comunidade internacional, cientistas russos divulgaram os resultados das fases 1 e 2 da vacina contra Covid-19. Nos testes preliminares, ela foi considerada segura e eficaz. O estudo foi publicado na revista científica “The Lancet”, uma das mais importantes do mundo, nesta sexta-feira (4).

Para Natalia Pasternak, microbiologista e presidente do Instituto Questão de Ciência, os resultados são promissores e preliminares. “Eles fizeram uma boa fase 1. Usaram uma estratégia interessante, com dois adenovírus diferentes. Funcionou bem, eles conseguiram uma boa resposta de anticorpos compatível com pessoas que já tiveram a doença. Investigaram também linfócitos T e tiveram uma boa resposta”, explica a microbiologista.

Ela ressalta que a fase 1 teve um número pequeno de participantes, a maioria homens jovens, e que as próximas fases precisam de mais diversidade. “Por enquanto são resultados promissores. A vacina não deu efeitos colaterais graves, deu uma boa resposta, bons marcadores de imunidade”, completa Natalia.

Julio Croda, infectologista da Fiocruz e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), diz que a publicação mostrou que a vacina tem segurança, que produz anticorpos e gera uma resposta imune, apesar da amostra ser bem limitada.

“Estudos prévios mostram que uma imunidade duradoura está mais relacionada à imunidade celular, e não ao anticorpo que circula no sangue. Isso não é um fato novo dessa vacina, mas prova que ela gera essa imunidade celular”, avalia Croda.

O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, disse que o resultado é importante, mas ressalta que ainda falta a fase 3, em que a vacina é testada em um grande número de pessoas.

“Apesar de ter sido um estudo com poucos voluntários, ela mostrou segurança, mostrou que produz anticorpos e credencia a vacina para um estudo mais avançado de eficácia. Hoje a vacina pode ser categorizada como candidata, mas depende do estudo de fase 3”, disse Kfouri.

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