Alguém que não acompanhou os acontecimentos de ontem pode intuir que a imagem acima foi extraída de alguma comédia juvenil produzida pelo cinema americano, a exemplo da sequência “Pork´s”, ou da comédia “Debi & Lóide”. Porém foi acontecimento real ocorrido no interior do congresso americano durante a sessão de confirmação da eleição de Joe Biden, o 46º presidente americano.

Apesar do fato ter imensa repercussão por ter ocorrido numa das mais antigas democracias do mundo, não é o objetivo sobre o que escrevo hoje, sendo apenas ilustração inicial.

O que interessa é a utilização da internet e suas redes sociais como ferramentas de direcionamento do pensamento e do comportamento humano.

A grande rede cumpre o objetivo a que foi criada permitindo comunicação quase instantânea, utilizando os mais diversos formatos, dados, voz e imagem de forma pulverizada e simultânea. Este imensurável potencial está ao alcance de todos, sejam as grandes corporações, seja qualquer um de nós postados diante de um smartphone.

É desta pluralidade que nascem dois aspectos fundamentais da comunicação atual. O primeiro diz respeito a espontaneidade das redes sociais e os indivíduos que as compõem e ali publicam suas opiniões e repercutem milhões de “cards”, fotografias, vídeos como lazer e como forma de comunicação com seus pares. O segundo aspecto diz respeito a utilização profissional das redes sociais na coleta ininterrupta de dados dos usuários e no tratamento deles, gerando perfis psicográficos diversos que permitem que as propagandas comerciais sejam direcionadas ao consumidor em consonância as suas preferências, aumentando o potencial de consumo. É dado que os controladores das redes sociais têm mais informações sobre um usuário do que qualquer outro meio de controle de dados.

Este potencial econômico foi transportado para a esfera política e vem sendo aplicado regiamente nas campanhas eleitorais e utilizados no exercício dos mandatos. Cada grupo recebe a informação pautada na forma que mais lhe agrada. Some-se a isto o baixo grau de instrução e discernimento da população, a quase inexistência do hábito da leitura e a seletividade do que é lido, cria-se a condição perfeita para o convencimento do indivíduo sobre os assuntos aos quais não conhece e passa a crer que possa dominá-los, defendê-los e divulgá-los, sejam quais forem, seja qualquer o pensamento ideológico que represente.

Para que foi escrito até aqui só existem duas soluções: Para os dados pessoais informar o mínimo possível e para a correta interpretação dos conteúdos recebidos, buscar informação. Ler muito e de tudo. Buscar o contraditório, acessar outros conteúdos e por fim analisar e tirar suas próprias conclusões. Exige tempo, dedicação, desenvolve o raciocínio e o pensamento crítico. A partir desta prática será possível ler Yuri Bezmenov¹, ou Thomas Hobbes² e extrair-lhes aquilo que tem de melhor.

De início sugiro a leitura do best-seller O Nome da Rosa de Humberto Eco, ambientado em Mosteiro Beneditino em 1327, e que denota nas entrelinhas a necessidade e importância do domínio do conhecimento e da informação. O filme produzido a partir do livro não permite observar este aspecto.

Por fim segue frase de Humberto Eco acerca de nossa atualidade, proferida após uma cerimônia na Universidade de Turim em 2015:

“As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel”

Até a próxima!
1- Yuri Bezmenov, jornalista, informante da KGB que desertou e é lembrado por suas palestras e livros anticomunistas e em defesa dos EUA na década de 1980.
2- Thomas Hobbes, filósofo, teórico político e matemático inglês que defendia que o Estado deve ser forte e com o poder centralizado, pois ele precisa ter capacidade para conter os impulsos naturais que promovem uma relação caótica entre as pessoas.
3- Nem tudo é o que parece ser se analisarmos apenas sua superfície. (Maurício Fernandes – 2021).

*Maurício de Aguiar

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