Diante do atual momento brasileiro, resolvi parar de publicar o que tenho escrito neste período, tornando-me observador.

Porém a emigração venezuelana em direção aos países fronteiriços, e as reações dos brasileiros nas redes sociais diante dos problemas ocorridos, me instaram a retomar a coluna.

Não é preciso citar as diversas opiniões emitidas, grande parte repleta de preconceito e aversão aos imigrantes, estes tão vítimas quanto os refugiados de qualquer lugar que esteja em conflito, ou grave crise.

O que me causa indignação é o sobrenome das pessoas que as emitem.

Habitei até os vinte e cinco anos de idade uma região de colonização recente, ocorrida há partir os anos 40/50, e cuja sociedade é composta por gente vinda de muitos países. Uma multidão de europeus, asiáticos, orientais, africanos, norte e centro-americanos, muitos “Hermanos” da América do Sul. Enfim um cadinho multirracial e multicultural.

Conheci muitos avós, pais e tive colegas de faculdade imigrantes, destes últimos alguns temporários, estudantes universitários que eram e outros definitivos, oriundos de suas origens pelos mais diversos motivos.  Todos acolhidos, alguns muito bem sucedidos nesta pátria chamada Brasil, e quiçá um dia reconhecida como uma bela nação.

São justamente muitos destes que exortam xenofobia exacerbada, como se, seus antepassados aqui estivessem desde o aparecimento do “homo sapiens” e considerando-se mais genuínos nesta terra que a própria Luiza, recém-virada cinzas no mais nefasto dos incêndios brasileiros.

É no mínimo lacônico. Soa a mim como sinal de alerta para a regressão que vem ocorrendo em nosso processo civilizatório e que nos coloca no rol dos países discriminatórios. Impressão esta que ratifico ao perceber a imensa discriminação existente aos mais desvalidos e genuínos  brasileiros.

Escrevo estas linhas com propriedade, posto que, sou bisneto e neto de italianos e espanhóis emigrantes no final do século XIX em busca de melhores oportunidades que as existentes em suas origens, e com um avô oriundo do Crato- CE, legítimo afilhado de Padre Cícero e também migrante em direção ao sul do país.

Por fim, desejo que num futuro próximo tenhamos um pouco mais de solidariedade, compreensão e aceitação do próximo.

Até a próxima!

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