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No último dia 17 o Japão deu início a vacinação contra a COVID-19 pretendendo imunizar toda a sua população até o início das Olimpíadas marcada para 23 de julho deste ano. Em 156 dias planejam vacinar 126 milhões de habitantes, equivalente a 807 mil pessoas por dia por dose administrada.

Em março de 2010 o Brasil iniciava a imunização do público-alvo contra o vírus H1N1 e cerca de 90 dias depois atingia o número 81 milhões de pessoas vacinadas numa taxa aproximada de 900 mil pessoas imunizadas por dia. Naquela ocasião o Brasil vacinou 92% do público-alvo, 42% de sua população total, alcançando a liderança mundial no ranking de vacinação em termos percentuais. Fomos muito eficientes!

Infelizmente em 2020 ainda não obtivemos esta eficácia, aliás estamos muito longe de alcançá-la. Até me caberia opinar sobre quais seriam os motivos para tal fato, mas não o farei. Prefiro escrever um pequeno relato sobre evento que participei.

Este acontecimento, realizado dentro dos protocolos de segurança estabelecidos, tinha como objetivo discutir as formas de retorno às aulas, suas consequências e riscos legais.

De início me limitei a ouvir o que era dito e observar atentamente a reação dos ouvintes. O que foi dito diz respeito somente aos interessados, mas as reações observadas são importantes o bastante para merecerem destaque.

Qual a relação entre o Japão atual, o Brasil de dez anos atrás e esta pequena assembleia?

Talvez a dificuldade atual em ouvir em silêncio e aceitar o direito de alguém emitir opinião antagônica.

Enquanto boa parte dos presentes ouvia respeitosamente o que era discorrido pelos inscritos, outra parte intervinha falava alto e interrompia quem estava expressando sua opinião. A ingerência não prejudicava somente aos presentes, mas também àqueles que participavam remotamente da reunião. Apesar da obtenção do resultado esperado, desperdiçou-se precioso tempo e perdeu-se empatia e a possibilidade de fortalecimento da instituição.

Esta é a relação que avisto com o Japão. Enquanto aquele país é exemplo recorrente nas ações coletivas, civilidade e respeito aos outros, nós brasileiros a cada dia nos tornamos mais individualistas. Poucos percebem que o fortalecimento das ações individuais pode massagear o ego, mas não serve para tomada de decisões em comunidade. Ao contrário, trazem atrasos, desorganização, retrocesso, um instantâneo do Brasil contemporâneo.

“Se não houver senso de coletividade, nada vai mudar” Ana Paula Amaral.

Até a próxima!

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