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Sempre ouvimos falar das bodas de prata. Acredito que quem está lendo esse texto sabe que bodas de prata é quando se comemora vinte e cinco anos de casamento. Sim, são 25 anos de uma linda história de amor: casamento de uma pequena escola com um bairro repleto de sonhos e esperança.

No dia vinte e seis de maio de um mil novecentos e noventa e um foi inaugurada a Escola Municipal da Cascalheira, que recebeu este nome em homenagem ao bairro, situado em uma região com muito cascalho. O povo dessa comunidade precisava de um espaço maior para a educação das crianças, então ocorreu a ampliação do prédio, no dia treze de julho de um mil novecentos e noventa e cinco. A escola passa a ser alcunhada de Escola Municipal Antônio Bento de Freitas, através do Decreto nº 248/95. Segundo os relatos históricos, isso ocorreu devido à reivindicação feita pela senhora Francisca Barroso Lima, que na época era vereadora e residente na Vila dos Funcionários.

O nome Antônio Bento de Freitas foi uma homenagem ao ex-funcionário público do 4º BEC – Quarto Batalhão de Engenharia e Construção, Sr. Antônio Bento de Freitas. Este nascido em sete de julho de um mil novecentos e dezessete, em União – Piauí, filho de João Bento da Silva e Idalina Rosa de Lima. O Sr. Antônio Bento de Freitas era casado e faleceu em sete de fevereiro de um mil novecentos e noventa e um.

São muitas histórias para contar. Se andarmos pelas ruas da Cascalheira, com certeza ouviremos várias. Se perguntarmos às primeiras professoras não pararia de escrever. Mas aqui quero relembrar da minha história com essa escola.

Sempre ouvia falar sobre as dificuldades de se trabalhar neste bairro e seu entorno. Porém, nunca me abalei com isso. Para mim, o maior problema que vivemos é o preconceito que se tem em relação à sua localização. Sim, estamos na periferia, mas aqui encontrei muito amor, companheirismo e dedicação. O que tem de errado com a periferia é somente a falta de olhar e cuidado de quem escolhemos para ser os representantes da nossa cidade.

Acredito que se dermos o melhor de nós para as nossas crianças, que aqui estudam, com certeza teremos belos frutos.

Uma vez, minha professora da faculdade, disse: “Nara, você tem letra de alfabetizadora!”. Eu tinha medo de trabalhar com a alfabetização. Medo de chegar no final do ano e não ver meus alunos lerem. Mas foi aqui, que tive a melhor experiência da minha vida.

Não esqueço dos meus alunos do ano de 2012. Duas turmas de segundo ano. As salas muito feias, cheias de buracos, telhados que ora era o sol refletindo na sala, hora era chuva que molhava. Cartaz algum dava um “tham” na parede. Mesmo com tanto descaso com essa escola e sua comunidade, eu precisava fazer o melhor. Dar o melhor de mim.

Lembrei da minha professora e do seu método de alfabetização. Foi aí que pensei na ideia de um livro para alfabetizar. Eu não queria usar textos que não tivesse graça e beleza para mim. Assim, pedi ajuda ao meu colega de trabalho, que na época, também era meu esposo, para me ajudar. Pedi a ele que fizesse o primeiro texto. Queria que tivesse palavras com as sílabas pa, pe, pi, po, pu. Surgiu, então, O pato e o pinto. E vieram mais e mais textos poéticos e divertidos.

Relembrei da minha adolescência. Do tempo em que gostava de escrever. Eu tinha um caderninho onde escrevia o que pensava, mas que o fogo queimou na decepção da escola. Um dia minha professora pediu que escrevêssemos um poema. Então, copiei o que eu tinha feito na capa de um livro de matemática para o caderno de português. Ao ler, ela me disse: “de onde você copiou?”. Ela não acreditou que tinha sido eu quem criou. E daquele dia em diante, não quis mais escrever.

O que devemos saber é que tudo passa nesta vida. E foi na Escola Antônio Bento de Freitas, que consegui me livrar da trava que dificultava a minha vontade de escrever e em um dos piores momentos da minha vida. Então, me vi diante da necessidade de colocar a minha criatividade para ressurgir e a “Timidez de Tatá” veio em doze versos a desenrolar o emaranhado da minha existência. E a menina que gosta de jogar bola veio mostrar que todos somos especiais.

O livro “Borboletras” surgiu e com ele a felicidade de ver meus alunos ao final do ano lendo, recitando e criando. Ainda lembro de uma mãe me agradecendo por ter ensinado sua filha ler. Meus olhos brilhavam de tanta felicidade. Claro, que é muito difícil para nós professores, lembrar de cada nome dos alunos que tivemos. Mas o rosto fica guardado na memória. Meus alunos de dois e doze foram meus companheiros, minha força, meu incentivo para aprender e superar as dificuldades.
Vinte e cinco anos de história, a Escola Antônio Bento de Freitas tem para contar. Que tal você contar a sua história que viveu aqui neste lugar?

Por Nara Rúbia Borges de Oliveira

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