O Ministério Público Federal (MPF) pediu o afastamento e o bloqueio de bens do prefeito de Bom Jesus da Lapa, Eures Ribeiro (PSD), e do prefeito de Serra do Ramalho, Ítalo Rodrigo Anunciação (PSD). Os gestores são investigados por envolvimento em fraudes na contratação de alguns serviços públicos, o que geraria enriquecimento ilícito. O afastamento imediato é justificado pela tentativa dos políticos em atrapalhar as investigações.

Os desvios teriam começado em 2013, quando Eures e Ítalo contrataram irregularmente a empresa Prestação de Serviços, Transporte e Locação Ltda (PSTL), com sede em Serra do Ramalho, para fazer o transporte escolar do município de Bom Jesus da Lapa.

Além dos dois prefeitos, outros funcionários públicos estariam envolvidos na situação. Ex-secretários, pregoeiro e assessores também foram citados na operação.

Eures Ribeiro se defendeu da denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) revelada pelo Bahia Notícias com exclusividade nesta sexta-feira (veja aqui e aqui). De acordo com o pedido de afastamento do cargo apresentado pelo órgão de Justiça, Eures lidera um esquema de desvios de dinheiro público que já teria movimentado R$ 12 milhões nos últimos 5 anos em Bom Jesus da Lapa e em Serra do Ramalho.

“O que se pagava para o transporte escolar no começo da minha gestão [em 2013], eu ainda pago hoje. Não há como ter superfaturamento em um contrato que nem ao menos teve aumento, mesmo com a alta da gasolina”, defendeu Eures. O prefeito apontou que estabeleceu o contrato com a empresa de Ítalo Silva antes do aliado entrar na política e, por conta disso, não há motivos para se duvidar da lisura da relação comercial.

O gestor ainda disse que as acusações de que teria utilizado ameaças e chantagem para tentar abafar denúncias contra o seu nome são “mágoa de uma oposição derrotada” em Bom Jesus da Lapa. Uma testemunha da peça do MPF diz que Eures chegou a mandar um assessor incendiar sua casa.

“Eu só fico triste por terem tratado como testemunha um opositor que foi derrotado na urna. Ele tenta me denunciar em tudo que é lugar por conta da mágoa de quem ficou em terceiro lugar e teve menos de 700 votos. Quem me conhece sabe que eu não sou violento e não me comportaria assim”, comentou. Eures ainda disse que o assessor Mário Filardi, apontado nos testemunhos, não trabalha mais com ele e nem mora na cidade.

O prefeito ainda afirmou que é impossível alguém que teria desviado R$ 12 milhões de verba pública, ter as contas do município em dia. “Eu respeito o MPF e acredito que ele tem que investigar. Vou responder aos questionamentos que ainda não tive a oportunidade de responder no momento certo, mas estou pronto para comprovar a minha inocência”, falou.

“Eu sou uma pessoa humilde. Até minha casa é alugada. Eu tenho uma vida simples, não ando com segurança. Tenho R$ 30 milhões em caixa [no município] e sou acusado de desviar R$ 12 milhões? Todas essas coisas me deixam muito chateado, mas vamos comprovar que essa denúncia é inverídica e os testemunhos foram guiados por mágoa”, destacou o prefeito que se colocou à disposição para prestar esclarecimentos ao MPF.

Os prefeitos podem ser afastados pelo prazo de 180 dias, que pode ser prorrogado, ficando proibidos de frequentar e acessar as prefeituras das duas cidades. O descumprimento da medida gerará multa de R$ 100 mil por cada ato.

Fonte//Bahia Notícias

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