Foto//Sérgio Lima/Poder360

Em carta enviada ao então ministro da Saúde Eduardo Pazuello, a Pfizer propôs soluções a entraves apontados pelo governo federal para compra da vacina da empresa. A carta faz parte de documentos enviados pela farmacêutica à CPI da Pandemia e foi obtida pela TV Globo. Correspondência semelhante foi endereçada ao então secretário-executivo da pasta Élcio Franco no mesmo dia.

O presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, então presidente da companhia no Brasil, afirmou na carta que a empresa havia adequado as limitações jurídicas, encontrado alternativas logísticas e que a oferta, apesar de limitada, seria suficiente para imunizar grupos prioritários ainda no primeiro trimestre.

Ao secretário Élcio Franco, Murillo explicou a motivação para suas declarações. “Deixamos inúmeras mensagens em seu gabinete e também reforçamos o pedido por e-mail. Como ainda não tivemos retorno, gostaria de comentar alguns pontos relacionados ao tema e também a cobertura de imprensa realizada ontem, com base em coletiva do Ministério da Saúde que falava do perfil ideal de uma vacina contra a COVID-19”, escreveu.

Em coletiva realizada em 1º de dezembro, dia anterior ao envio das cartas, o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, falou que o perfil ideal de um imunizante para o Brasil seria uma vacina que pudesse ser armazenada entre 2º e 8ºC e, preferencialmente, de dose única.

Murillo respondeu dizendo que a Pfizer apresentou embalagem especial para armazenamento da vacina por até 15 dias a partir da troca de gelo seco. “Consideramos como tem sido com todos os outros países que vão começar a vacinação, que são esquemas muito viáveis e de efetiva implementação considerando inclusive as características geográficas e climáticas do país.”

O executivo também disse que a farmacêutica conseguiu “adequar as limitações de ordem jurídica que foram compartilhadas conosco a partir de nossa segunda proposta”. “Um dos pontos mais relevantes foi estabelecer a condição para o contrato definitivo à emissão do registro sanitário pela Anvisa”, afirmou.

Sobre as declarações de que a Pfizer destinou quantitativo pequeno para o Brasil, Murillo disse que a quantidade de doses ofertadas permitiria “cobrir grupos prioritários e de maior risco”.

“Se por um lado entendemos que o quantitativo disponível para o Brasil para o primeiro semestre é limitado e não permitirá vacinar o [sic] maioria da população com nossa vacina […], afirmamos que esse quantitativo permite sim cobrir grupos prioritários e de maior risco, inclusive já no primeiro trimestre, o que faz ainda mais viável a implementação logística, dado que estamos falando de grupos mais reduzidos e concentrados majoritariamente em grandes cidades”, disse.

Por fim, o executivo respondeu sobre a condição de não responsabilização futura da Pfizer e disse que o termo tinha sido aceito “por todos os países que já fecharam acordo” com a empresa.

“A condição de não responsabilização futura para a Pfizer sobre possíveis demandas litigiosas futuras tem sido praxe e aceita por todos os países que já fecharam acordo com a Pfizer.”

Na carta, o presidente da empresa na América Latina afirmou que o Brasil precisava assinar o Memorando de Entendimento até 7 de dezembro ou as doses reservadas para o Brasil seriam endereçadas a outros países da região que já haviam assinado o contrato.

*G1

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